quarta-feira, 5 de junho de 2019

40% das crianças que morrem no trânsito no Brasil estão dentro de veículo; nº supera atropelamentos




Das crianças que morrem hoje no trânsito brasileiro, 40% estavam na condição de ocupantes de veículos, sendo hoje a principal forma de óbito desse público no País. Atropelamentos vêm na segunda colocação.
Números mais recentes do Datasus, plataforma de dados do Ministério da Saúde, mostram que do total de óbitos por acidentes de trânsito no Brasil envolvendo crianças menores de um ano a 9 anos de idade, 279 morreram por estarem dentros de veículos. Naquele ano, foram registrados 221 atropelamentos desse público.
Um projeto de lei que altera pontos noCódigo de Trânsito Brasileiro(CTB), entregue pelo presidente Jair Bolsonaro à Câmara nesta terça-feira, 4, prevê que motoristas flagrados sem a cadeirinha para crianças nos bancos traseiros deixem de ser multados. Eles passarão a receber somente advertência.
Gerente executiva da ONG Criança Segura, Gabriela Guida lembra que todo ano morrem aproximadamente 500 crianças em colisões de trânsito. "Fora as que são internadas, com as quais o SUS está gastando", diz. "O governo gasta muito dinheiro por ano para atender essas crianças que se acidentaram no trânsito, fora as que morrem."
Para Gabriela, o uso da cadeirinha no banco traseiro é "a única forma segura" para transportar crianças no veículo. "Os assentos de um carro foram pensados para um adulto. É por isso que uma cadeirinha, adaptada ao corpo e à massa da criança, é a única forma segura para realizar o transporte", explica.
Na avaliação da gerente executiva da Criança Segura, o fim da aplicação de multa para quem for flagrado sem a cadeirinha no banco traseiro é "muito ruim" e "vai na contramação das recomendações internacionais".
A ONG é integrante de uma rede internacional chamada Safe Kids, que discute medidas no mundo inteiro para prevenção e redução de mortalidade infantil no trânsito. "Tudo que vemos lá fora é o contrário. Outros países estão trabalhando muito para colocar a cadeirinha na lei", diz Gabriela.
Ela defende ainda que campanhas educativas serão insuficientes para evitar acidentes e óbitos no trânsito envolvendo crianças.
"Qualquer mudança de comportamento no trânsito para pegar tem, sim, que ter campanha de conscientização. Porém, tem de vir combinada com lei, autuação e fiscalização, senão o hábito não pega", afirma. "Nós sentimos muito essa mudança. Porque quem trabalha com trânsito sabe que a educação por si só não dá conta da mudança de comportamento."


Mudanças

O projeto de lei prevê que crianças com idade de até sete anos e meio serão transportadas nos bancos traseiros e utilizarão cadeirinhas adaptadas ao peso e à idade.
Já meninos e meninas com idade superior a sete anos e meio e inferior a dez anos serão transportadas nos bancos traseiros e utilizarão cinto de segurança.
Com as mudanças, as multas previstas por infração foram abolidas. Motoristas levarão somente advertência caso descumpram a legislação.

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