sábado, 22 de junho de 2019

Toyota encerra 3º turno e demite 840 em Sorocaba e Porto Feliz



Durou pouco, apenas nove meses, a produção em três turnos nas fábricas da Toyota em Sorocaba e Porto Feliz, ambas no interior paulista. Em novembro passado a fabricante informou a contratação 830 novos funcionários para dar início ao terceiro período nas duas plantas. Na quarta-feira, 19, a empresa informou que vai encerrar o turno no próximo 5 de agosto e demitir todos os novos contratados, o que resultará no desligamento de 840 pessoas no total, 740 em Sorocaba em 100 em Porto Feliz.

O ajuste para baixo ocorre devido à abrupta queda nas exportações, que sustentavam perto de 30% da produção da Toyota em Sorocaba. Mais de 90% das vendas externas iam para a Argentina, mercado que este ano recua na casa de 60%. Com isso, a fabricação de 160 mil veículos prevista na unidade em 2019 já foi rebaixada para 125 mil, o mesmo número de 2018.

A direção da divisão latino-americana da Toyota havia decidido adotar o terceiro turno no Brasil ainda no fim de 2017, algo raro nas fábricas da montadora, por isso a matriz japonesa demorou a ser convencida a autorizar a medida. Na época, o turno extra foi considerado a solução mais viável, sem necessidade de investir em uma nova planta, para atender ao crescimento previsto dos mercados da região e o lançamento de mais um modelo feito em Sorocaba, o Yaris hatch e sedã, lançado no segundo semestre de 2018, que se juntou ao Etios (também com as duas carrocerias) já produzido na unidade desde 2012.

A Toyota informou ter feito investimentos de R$ 600 milhões e contratado funcionários temporários para elevar a capacidade da unidade de 108 mil para 160 mil veículos/ano. Paralelamente, a fábrica de motores em Porto Feliz também ganhou reforços para acompanhar o avanço produtivo. Segundo a montadora, no mesmo período outras 700 pessoas foram contratadas pelos fornecedores instalados ao redor da fábrica.

DEMISSÕES DE TEMPORÁRIOS E REDUÇÃO DE BENEFÍCIOS




  A crise aguda na Argentina colocou ponto final nos planos de aceleração da produção no Brasil. Já no fim de maio a Toyota havia anunciado o desligamento de 340 pessoas em Sorocaba, uma parte pela via de um plano de demissão voluntária (PDV) – que teve baixa adesão – e a maioria pelo encerramento de contratos temporários de trabalho. Agora, um mês depois, anunciou que no início de agosto vai desligar mais 400 temporários em Sorocaba e outros 100 em Porto Feliz, totalizando assim as 840 demissões. Ainda não há informações sobre cortes nas empresas que integram o cinturão de fornecedores em Sorocaba.

Também em maio, segundo o sindicato dos metalúrgicos da região, o SMetal, a Toyota começou a negociar uma lista com cerca de 20 itens para redução de custos trabalhistas, que envolvem revisão benefícios e congelamento de reajustes salariais e bônus em programas de participação nos resultados, para que a planta pudesse se adequar à queda na produção. Contudo, após as novas demissões anunciadas na quarta-feira, o SMetal informou em comunicado que não discutirá mais “nenhum ponto da pauta enviada pela montadora no início das negociações”.

Trata-se de um revés importante nas relações trabalhistas da Toyota na região, cujos principais executivos orgulhavam-se de terem fechado acordos de longo prazo com trabalhadores e sindicatos, o que até o ano passado havia evitado demissões em todas as unidades, mesmo durante os anos mais agudos da recente recessão no Brasil.

Segundo o SMetal, a Toyota acenava com a projeção de produzir 200 mil veículos em Sorocaba a partir de 2021, com possibilidade de duplicar o número para 400 mil e finalizar a próxima década com 8 mil funcionários na planta. “Essa era a intenção inicial, antes dessa crise neoliberal ter atingido a fábrica”, declarou em nota Leandro Soares, presidente do sindicato.

“Todas as pessoas envolvidas nesta situação, ligadas ao terceiro turno, terão o suporte e o respeito por sua contribuição para a Toyota do Brasil”, informa a fabricante em nota oficial divulgada no fim da tarde da quarta-feira, véspera de feriado, como estratégia para reduzir o dano à imagem causado por más notícias.

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