A equipe jurídica de Ghosn acusa a Nissan de "perversão da verdade"

Journalists stand outside the house of ex-Nissan chief Carlos Ghosn in Beirut on Jan. 7

A equipe jurídica do ex-chefe da Renault-Nissan, Carlos Ghosn, abriu fogo contra a Nissan Motor Co., acusando a montadora de usar uma investigação interna "defeituosa e tendenciosa" para projetar a prisão de Ghosn e impedi-lo de integrar mais estreitamente a Nissan e sua parceira francesa Renault SA .A equipe jurídica de Ghosn divulgou o comunicado horas antes de sua aparição esperada em uma coletiva de imprensa no Líbano, onde se refugiou após uma ousada fuga do Japão em 31 de dezembro. O astro da indústria automobilística disse que lutará para restaurar sua reputação. reputação, manchada por acusações de má conduta criminal e pelas lutas da Nissan desde sua queda.Ghosn estava aguardando julgamento no Japão por acusações de má conduta financeira quando escapuliu de sua residência em Tóquio, atravessou o Japão em um trem-bala e foi contrabandeado para jatos fretados que o levaram de Osaka ao Líbano via Istambul. Ghosn disse que fugiu de um sistema de justiça japonês fraudulento depois que as autoridades atrasaram seu julgamento em 2021.Em seu comunicado, os advogados de Ghosn disseram que a Nissan "nunca" tentou entrevistar o executivo ou compartilhar com ele as evidências acumuladas contra ele.As autoridades turcas e japonesas estão investigando como Ghosn foi contrabandeado para fora do Japão e através de um aeroporto turco a caminho de Beirute. A Interpol emitiu um "aviso vermelho" pedindo a prisão de Ghosn.As autoridades japonesas emitiram na segunda-feira um mandado de prisão para a esposa de Ghosn, Carole, por suposto perjúrio em conexão com os negócios financeiros de seu marido.Carole Ghosn disse ao jornal francês Le Parisien que os promotores japoneses "esperavam pressionar o meu marido" antes de sua conferência de imprensa no Líbano.A declaração da equipe jurídica de Ghosn procura focar a atenção em sua acusação de que ele foi vítima de um golpe de Estado por executivos da Nissan que se opunham a ceder mais autoridade à Renault.
"PERVERSÃO DA VERDADE"
Ghosn foi preso pela polícia japonesa em 19 de novembro de 2018. A Nissan disse que uma investigação interna descobriu que Ghosn havia se envolvido em uso pessoal do dinheiro da empresa e subestimado sua renda em violação à lei japonesa.Em seu comunicado, os advogados de Ghosn disseram que a alegação da Nissan de "uma investigação interna robusta e completa" é uma "perversão grosseira da verdade". Em vez disso, escreveram os advogados, a investigação "foi iniciada e realizada com o objetivo específico e predeterminado de derrubar Carlos Ghosn para impedi-lo de integrar ainda mais a Nissan e a Renault, que ameaçavam a independência da Nissan".O ex-presidente da Nissan e da Renault SA negou todas as acusações contra ele e disse que foi vítima de "punição" e "conspiração" por executivos da Nissan que queriam atrapalhar seus esforços para fundir as duas montadoras.A equipe jurídica de Ghosn também acusou a Nissan de permitir que Hari Nada, executivo "cuja conduta foi o assunto da investigação", conduzisse a investigação de Ghosn. O comunicado também indicou que Latham & Watkins, o escritório de advocacia que ajudou a investigação da Nissan, não era independente porque há muito tempo atua como consultor externo da empresa.Os advogados de Ghosn disseram que a investigação da Nissan não conseguiu encontrar evidências de que o então CEO Hiroto Saikawa também se beneficiou de uma indevida compensação. Saikawa renunciou no ano passado depois de admitir que havia sido pago em excesso por violar procedimentos internos.A Nissan não estava disponível imediatamente para comentar.O embaixador do Japão no Líbano, Takeshi Okubo, encontrou-se com o presidente libanês Michel Aoun na terça-feira, dizendo que a fuga de Ghosn para o Líbano é "profundamente lamentável" e solicitando a cooperação de Beirute, de acordo com um comunicado do Ministério das Relações Exteriores do Japão.