sábado, 6 de junho de 2020

Nissan. Fábrica de Sunderland é inviável sem acordo


Se o Reino Unido não chegar a um acordo comercial com a União Europeia, a fábrica da Nissan em Sunderland está condenada. O aviso foi deixado pelo director global de Operações do construtor nipónico.

A Nissan parece, cada vez mais, bater em retirada da União Europeia. Depois do expectável fecho da fábrica de Barcelona e das duas unidades satélites aí instaladas, agora reforça-se a ideia de que também a fábrica de Sunderland, que emprega 7000 pessoas, pode ter os dias contados, se a situação não se mantiver tal como está. Sucede que, com a saída do Reino Unido da União Europeia (UE), essa condição é quase utópica.

Em entrevista à BBC, o director global de Operações da Nissan, Ashwani Gupta, não hesitou em estabelecer sob que condição Sunderland poderá manter a actividade. Segundo ele, tem de continuar tudo tal como está, em termos de taxas:

Somos o fabricante número 1 do Reino Unido e queremos continuar aqui. Dito isto, se não mantivermos as tarifas actuais (zero), a actividade não será sustentável. É bom que as pessoas percebam isso”, declarou.

Se o Reino Unido não chegar a acordo com a UE, o que entrar ou sair de cada um dos lados do Canal da Mancha é taxado a 10%, em conformidade com aquilo a que obriga a Organização Mundial do Comércio. E isso é encarado como um “desastre” de qualquer perspectiva, pois a exportação de veículos sujeita a semelhante esquema tributário não terá como não se reflectir num agravamento dos preços, seja para os consumidores da UE, seja para os próprios

britânicos, dado que o fabrico de automóveis exige a importação de peças, igualmente taxadas.

Recorde-se que, em 2019, entre Juke, Qashqai e X-Trail, a Nissan produziu 350.000 veículos em Sunderland, sendo a maioria destinada aos diferentes países da UE. Se o Reino Unido não chegar a acordo comercial com a UE, o mais provável é que a Renault chame a si a produção destes modelos da Nissan. É que, para além de deter 43% do construtor nipónico, as novas directivas da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi concedem-lhe os comandos das restantes marcas no continente europeu. E agora que os gauleses receberam 5000 milhões de euros do Estado francês para manter a actividade e repatriar produção estão em condições de assegurar o fabrico dos Nissan que deveriam sair de Sunderland, nomeadamente os novos Juke e Qashqai, além do Leaf. O novo X-Trail será produzido em casa, no Japão.

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