quarta-feira, 6 de maio de 2020

Europa e Brasil não serão prioridades para a Nissan



A Nissan estaria trabalhando em um novo plano de reestruturação para a empresa que deve ser anunciado nas próximas semanas. Entre os temas abordados pela montadora japonesa, mais do que redução de custos, estão a mudança de foco, deixando de ter forte presença global para concentrar em mercados considerados mais relevantes.
Fontes ouvidas pela Reuters ligadas à Nissan informaram que a marca deverá anunciar tais alterações no dia 28 de maio. Além de resolver as questões ligadas à gestão de Carlos Ghosn, o novo plano também deverá “arrumar” os problemas causados pelo plano agressivo de expansão do antigo executivo e ditar os rumos da companhia nos próximos três anos. 
Com este novo plano, a Nissan deverá focar em três mercados principais. O primeiro deles é o norte-americano. Por lá, a marca deve reforçar suas relações com concessionários e apresentar uma série de novos produtos com duas finalidades: reduzir a idade média dos projetos da Nissan nos EUA, hoje de cerca de cinco anos, e melhorar a imagem da marca por lá, que é de uma montadora de veículos baratos e que precisam de pesados descontos para vender.
O segundo mercado em que a Nissan manterá o foco é a sua própria casa. No Japão, a marca também deve efetuar um trabalho de renovação de sua linha de produtos. A idade média dos projetos da Nissan por lá atualmente é de dois anos e meio. Seis novidades deverão ser apresentadas ao mercado japonês nos próximos três anos, entre modelos inéditos e renovações.
Por último, a Nissan manterá o foco no maior mercado automotivo do mundo: o chinês. O desafio por lá será o de oferecer produtos mais personalizados para a China, ao invés de apenas vender veículos pensados primeiramente para o mercado norte-americano. Por lá, a Nissan mantém um divisão de luxo chamada de Venucia, que deverá ser reposicionada.
As fontes ouvidas pela Reuters afirmaram também que o plano de reestruturação que a Nissan está trabalhando também prevê a redução da competição dos modelos da marca com produtos das outras empresas da Aliança: Renault e Mitsubishi. A conterrânea japonesa deverá ter prioridade em projetos híbridos e nos mercados asiáticos fora de Japão e China. Já a francesa ficará com o desenvolvimento de carros 100% elétricos e o mercado europeu.
Dentro dessa nova divisão e pensando nas consequências desse novo plano de reestruturação é esperada uma diminuição na presença da Nissan na Europa, devendo focar apenas em seus produtos mais rentáveis por lá: os SUVs Qashqai e Juke. Na Ásia, a Nissan deverá fortalecer a operação em países como Tailândia e Filipinas.
Mas, e o restante do mundo, incluindo o Brasil? Para os demais mercados, a Nissan deverá adotar uma postura geral de redução da linha de produtos, que deverá ser mais focada em rentabilidade. Isso deve ocorrer também em Índia, Rússia, México e África do Sul. Por aqui, isso pode significar o fim de veículos com baixos volumes de venda da marca.
O Nissan March, por exemplo, pode não receber uma nova geração em nosso país. O Versa, por sua vez, terá a nova geração importada do México e a estreia no Brasil está prevista para este ano. Hoje, os produtos de maior valor agregado da marca são a Frontier, que vende em volumes relativamente baixos, e o Kicks, que atualmente é o modelo mais vendido da empresa do Brasil. Se a estratégia for mesmo de redução e foco na rentabilidade, o mais provável é que apenas a picape e o SUV sobrevivam.

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