segunda-feira, 16 de dezembro de 2019

Ex-diretor da Renault denuncia erros de gestão na Nissan


Em outubro, Thierry Bolloré, ex-Diretor Geral da Renault, escreveu uma carta onde expõe vários problemas na gestão em uma das maiores empresas de automóveis do mundo. Três dias depois, foi despedido.

A carta redigida por Thierry Bolloré levanta uma série de questões sobre a transparência dos cargos de chefia da Aliança Renault-Nissan-Mitsubishi.
O então Diretor Geral da Renault exigiu uma auditoria independente da investigação do ex-presidente Carlos Ghosn, citando preocupações de que a mesma poderia estar condicionada por conflitos de interesse.
A Nissan rejeitou o pedido e acusou Bolloré de ser um simpatizante de Ghosn, preso em 2018 e acusado de fraude e gestão danosa. Ghosn está em liberdade sob fiança e acusa a Nissan de conspiração.
Numa reunião do Conselho de Administração do grupo japonês, Bolloré leu uma carta na qual afirma ter sido obrigado a agir depois de ler artigos no The Wall Street Journal. "Para minha surpresa, nenhum desses problemas foi levado à minha atenção pelos órgãos de administração da Nissan", disse. No final dessa semana, Bolloré foi despedido. 


Um porta-voz da Nissan disse: "A Nissan estava e permanece satisfeita que a investigação interna foi devidamente conduzida" e garante que a mesma "beneficiou muito" ambos os fabricantes de automóveis, porque as descobertas permitiram à Nissan cancelar quase 200 milhões de dólares em pagamentos a que Ghosn poderia ter direito.
No entanto, a carta de Bolloré lança uma nova luz sobre a expulsão do ex-CEO da Renault. Ghosn foi removido em parte por causa da relação cada vez mais difícil com a Nissan, onde estava há 20 anos. Além de provocar uma reação negativa na Nissan, as ações do Sr. Bolloré também afetaram o presidente da Renault, Jean-Dominique Senard, de acordo com uma pessoa próxima à Renault, cita o Wall Street Journal.
A carta visou sobretudo Hari Nada, um dos executivos da Nissan que supervisionava questões jurídicas, e o escritório Latham & Watkins, contratado pela Nissan para conduzir a sua investigação.
 Bolloré questionou por que razão Nada manteve as funções na Nissan, apesar de ser um dos executivos que apresentou alegações contra Ghosn aos procuradores. Nada tinha conhecimento da alegada irregularidade cometida pelo ex-CEO e assinou um acordo de cooperação com os procuradores em troca de não ser acusado.


Na reunião onde o Bolloré leu a carta, os diretores decidiram retirar o Nada do papel de supervisor dos assuntos jurídicos. No entanto, na resposta a Bolloré, a Nissan rejeitou a sugestão de que eram necessárias medidas mais duras. "Nada é um denunciante que fez várias revelações", afirmou.
Por fim, a Nissan garantiu que o mais importante agora é concentrar-se nos negócios uma vez que as vendas e lucros estão a cair e 12.500 cortes de empregos estão planeados para o futuro.

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