sexta-feira, 15 de fevereiro de 2019

As baterias do Nissan Leaf



Em vários sites e fóruns da internet, tenho visto comentários de que as baterias do Nissan Leaf, após certo tempo de uso, perdem eficiência, que há problemas de carregamento. Nestes mesmo sites, se fala muito de refrigeração líquida para as baterias, como solução para estes problemas das baterias do carro elétrico da Nissan.

Sobre este assunto, o Diretor de Estratégias de Ecossistema Zero Emissões da Nissan, Brice Fabry, deu entrevista em Portugal  no Fórum Mobilidade Inteligente :

Há muitas críticas sobre a falta de refrigeração líquida das baterias dos LEAF. Porque razão optaram por não usar esta tecnologia no novo modelo com bateria de 62 kWh?
Mas quem é que faz as críticas? Os nossos clientes? Os nossos verdadeiros clientes? Ou será mais uma questão que é discutida em determinados fóruns? Queremos sempre desenvolver um carro a um bom preço, que responda satisfatoriamente às necessidades dos nossos clientes. Os clientes precisam de um carro que os transporte entre a casa e o trabalho, um carro que possa ser usado sem problemas. Por que é que ainda não usamos refrigeração líquida? Simplesmente por causa do custo. Somos uma empresa de cultura japonesa. Não corremos o risco de usar tecnologia que não esteja completamente amadurecida e testada. Gostamos de garantir que os nossos clientes compram o que está escrito no papel. Em vez de prometer muitas coisas que não são razoáveis. Não se trata de uma questão entre refrigeração líquida ou arrefecimento por ar, mas sim sobre a comercialização de um carro que responda às necessidades do mercado. E todos os carros que disponibilizamos são exatamente o que prometemos. Não há mentiras ou algo escondido nos nossos produtos. Dizemos a verdade. Dizemos em que circunstâncias o carro faz 400 ou 200 quilómetros. Não temos mistérios. E, é claro, queremos manter um preço normal. Não faria sentido colocarmos um LEAF a 100 mil euros no mercado.

Não é razoável acreditar que a refrigeração líquida iria triplicar o custo do carro…
A refrigeração líquida é cara e consumidora de energia. E não nos podemos esquecer da realidade da rede de carregamento. Estamos a investir 50 milhões na infraestrutura de carregamento para (uma potência de) 50 kW. Devemos garantir que os carregadores e os carros funcionam harmoniosamente. Não faz sentido prometer potências de carregamento que não estão disponíveis. Não vejo nenhum erro do nosso lado. Somos muito claros relativamente ao que disponibilizamos aos nossos clientes. Temos vários exemplos de utilização extrema sem problemas. Como táxis em Amesterdão com 200 ou 300 mil quilómetros usando a primeira geração do LEAF.

A entrevista seguiu, falando sobre o custo das baterias:
O que leva ao aumento dos custos das baterias? Há uns anos todos os estudos apontavam para a redução dos custos de produção destes componentes.
Tem razão. Acreditava-se que os preços iriam descer, o que seria uma evolução natural da tecnologia. Vou correr o risco de dizer isto enquanto estou a ser gravado. Não são os fabricantes das baterias que estão a aumentar o preço. São os fornecedores das matérias-primas. O lítio, por exemplo, está a custar uma fortuna. São apenas quatro companhias no mundo que gerem o lítio disponível. Quando se aumenta o preço do lítio, se aumenta o preço do níquel, se aumenta o preço do cobalto… Não somos nós que decidimos que as células custam uma fortuna. Acho que seria bom que se perguntasse aos fornecedores de matéria-prima o que está a acontecer. Mas parece-me evidente. Quando temos os fabricantes as anunciar que vão produzir dois ou três mil milhões de carros, é natural que os preços subam.

Isso significa que os elétricos estão condenados a ser sempre muito caros?
Temos os nossos engenheiros a trabalhar em alternativas tecnológicas. Claro que demora alguns anos a desenvolver e a testar novas soluções. Talvez uma boa resposta seja usar matérias-primas diferentes para reduzirmos a dependência das matérias-primas utilizadas atualmente. Esse será o futuro. Não para amanhã ou para daqui a dois anos. Mas o futuro será termos baterias de baixo custo para que as pessoas possam ter acesso a novas soluções de armazenamento de energia e de mobilidade elétrica. A redução de custo também será muito conseguida através da massificação da produção dos carros.


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