quinta-feira, 9 de julho de 2020

BMW irá incluir microtransações em seus carros



A fabricante de carros BMW, detalhou como irá funcionar o sistema digital que equipa os seus carros luxuosos, incluindo um novo mapa e um sistema de navegação, uma assistente digital reformulada, uma “chave digital” (mostrado pela primeira vez na conferência da Apple para desenvolvedores na semana retrasada), e o Android Auto sem fio. Porém, a coisa mais importante que a empresa disse que irá fazer nos seus carros, será a inclusão de microtransações.

Hoje em dia carros tem mais computadores e software do que nunca, o que possibilita as montadoras a adicionar novas funcionalidades ou corrigir problemas através de atualizações em tempo real. E com isso, novas maneiras de fazer dinheiro. Tome a Tesla como exemplo, a qual foi pioneira nesse tipo de prática e atualmente vende uma gama de funcionalidades após a aquisição. Isso é usado até para o envio de carros que tenham a sua capacidade de bateria limitada por software, e os donos podem pagar uma taxa para desbloquear a capacidade máxima.

A BMW almeja a levar isso a outro nível. A fabricante alemã havia anunciado na quarta passada que todos seus carros equipados com o novo “Sistema Operacional 7” irão receber uma atualização que possibilitará a companhia mexer com todas funções presente no veículo, como o acesso ao assento aquecido e assistências de direção como farol automático ou cruise control adaptativo. E como já era de se esperar a empresa irá se aproveitar disso para fazer grana.

E isso funcionaria um pouco diferente, segundo a BMW. O mais evidente é que um proprietário poderá, em algum momento, pagar para ter acesso a uma certa feature que ele inicialmente não tinha pago para vir com o carro. Isso poderia funcionar de maneira reversa também. Não sente a necessidade de utilizar assento aquecidos? Cabem frente e desabilite essa função. A empresa não detalhou como irá funcionar a precificação ou os termos, mas no Roadshow foi falado que a montadora está planejando tornar possível que os donos possam “assinar” certa funcionalidades por no mínimo três meses.

Provavelmente a curto prazo irá ter um custo alto para desenvolver essas funcionalidade em todos os carros, apesar que o processo de fabricação possa ser mais harmônico e com menos diferenciações. E a BMW poderá fazer dinheiro mesmo no mercado secundário. Pois aqueles que adquirirem o carro usado — ou, em um leasing de três anos o que tem mais haver com a BMW — poderão configurar o carro de uma forma que antes não era possível nos carros da empresa.

E como tudo isso vai funcionar vai depender de como como a montadora irá cobrar para [os donos] terem acesso a essas features. A história da empresa não é muito animadora, já que ela chegou a cobrar pelo acesso ao CarPlay (primeiramente $300 e depois uma assinatura anual de $80 por ano).

Mas ela não está sozinha nessa quando se trata de transformar compras em carro uma fonte de receita. A Tesla tem feito isso a anos, ofertando funções como Autopilot e um “pacote de conectividade premium” para aquisição após a entrega de seus carros. A Tesla também demostrou o quão instável a implementação de venda de serviço de software nos carros podem ser, já que alguns que adquiriram seus carros de segunda tiveram algumas funcionalidades prometidas desabilitadas.

E isso não para por aí, já que os carros estão cada vez mais conectados. Até a Ford comentou recentemente como as novas F-150 2021 receberão atualizações over-the-air que irão cobrir o carro desde o “para-choque ao amortecedor,” o que teoricamente permite a companhia cobrar por acesso a certas features. Outras montadoras como a General Motora, tem mexido com compras no carro como um serviço de receita.

Gigantes da tecnologia como a Apple tem trabalhado passado em novas fontes de receita recorrente nos últimos anos ao se apoiar fortemente na venda de serviços, então não é nenhuma surpresa que a indústria automotiva — que cada vez mais se comportam como as empresas de tecnologia — esteja tentando encontrar uma maneira de por isso em ação também.

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