Dois grandes nomes em eletrônicos e automóveis japoneses estão unindo forças para produzir um veículo elétrico juntos.
A Sony Group Corp. e a Honda Motor Co. concordaram em estabelecer uma joint venture este ano para começar a vender um veículo elétrico até 2025, disseram os dois lados na sexta-feira.
O plano é reunir a experiência da Honda em desenvolvimento de mobilidade, tecnologia e vendas com a experiência em imagem, telecomunicações, rede e entretenimento da Sony.
Uma união de empresas de manufatura tradicionalmente diferentes é incomum para o Japão. Mas faz sentido na era dos veículos elétricos, que não possuem motores movidos a gasolina e possuem componentes eletrônicos complicados.
Todas as montadoras do mundo vêm desenvolvendo veículos elétricos de emissão zero, à medida que crescem as preocupações com a poluição e as mudanças climáticas. Mas eles enfrentam forte concorrência de relativamente recém-chegados como a Tesla.
A joint venture desenvolverá e projetará o produto, mas usará a fábrica da Honda para fabricação. A Sony, que fabrica o console de videogame PlayStation e possui negócios de filmes e música, desenvolverá a plataforma de serviços de mobilidade.
A Honda fabrica o utilitário esportivo CR-V e o híbrido plug-in Clarity e já possui seu próprio programa de veículos elétricos, em parceria com a General Motors para compartilhar plataformas para veículos elétricos na América do Norte.
A joint venture com a Sony será separada, destinada a produzir valor inesperado “em uma reação química”, disse o presidente-executivo da Honda, Toshihiro Mibe.
“Estamos tão acostumados a pensar dentro da categoria de automóveis que é difícil pensar fora dessa caixa”, disse Mibe a repórteres, enfatizando que a Honda continuará com seu próprio programa de veículos elétricos.
A Sony mostrou um conceito de carro elétrico na feira de gadgets da CES em Las Vegas, há dois anos. Ela está ansiosa para encontrar um parceiro automotivo, disse o executivo-chefe do Grupo Sony, Kenichiro Yoshida.
Os dois executivos, que apareceram juntos em uma coletiva de imprensa convocada às pressas em Tóquio, não descartou uma futura listagem de ações da joint venture.
As ações de ambas as empresas caíram na sexta-feira, com a Honda caindo 4,5% e a Sony perdendo 3,2%.
Tanto a Sony quanto a Honda têm origens humildes na década de 1940, quando o Japão estava se reconstruindo das cinzas da Segunda Guerra Mundial. Ambos tiveram fundadores carismáticos.
A Honda foi fundada por Soichiro Honda, engenheiro, industrial e reputado inconformista. Ele começou ajudando na oficina de bicicletas de seu pai e acabou transformando a Honda em uma potência global. Ele é frequentemente citado dizendo coisas como: Um diploma não vale nada, aprenda a trabalhar com as mãos ou trabalhe para si mesmo e não para uma empresa.
A Sony foi fundada por Akio Morita, que co-escreveu “The Japan That Can Say No”, que defendia um Japão mais assertivo e orgulhoso, e Masaru Ibuka.
Morita conhecia o mercado, enquanto Ibuka era conhecido pelo desenvolvimento de produtos. Na década de 1970, quando a Sony estava desenvolvendo o player de áudio portátil Walkman, alguns engenheiros estavam céticos. Mas Morita insistiu que as pessoas gostariam de ouvir música em movimento.
“Embora a Sony e a Honda sejam empresas que compartilham muitas semelhanças históricas e culturais, nossas áreas de especialização tecnológica são muito diferentes”, disse Mibe.
“Acredito que esta aliança que reúne os pontos fortes de nossas duas empresas oferece grandes possibilidades para o futuro da mobilidade.”
O presidente-executivo do Grupo Sony, Kenichiro Yoshida, disse que Ibuka respeita e aprendeu muito com a Honda.
“O compromisso no topo é importante”, disse Yoshida. “Estamos comprometidos em enfrentar esse desafio juntos.”
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