Felizmente, algumas peruas resistem bravamente. Especialmente na indústria alemã, as peruas ainda são muito fortes. E a Audi, com sua incrível variedade de peruas Avant, é a grande criadora das melhores station wagons do mundo. Se for ver certinho, as peruas só perdem em dois itens para os SUVs e crossovers: status (atualmente) e altura livre do solo (mas não em todos os casos). Recentemente, comparei a altura mínima do solo de um SUV da moda (o Peugeot 2008) com uma perua extinta (a 208 Escapade). Para minha surpresa, a peruinha era mais elevada do que o crossover.
Agora, eu lhes pergunto: todo mundo que compra um SUV precisa mesmo desse tipo de carro? Em muitos casos uma perua não seria mais adequada? Óbvio que não estou julgando o uso que cada um faz de seu próprio dinheiro, mas sim uma certa cultura consumista coletiva que endeusa demais os SUVs e leva as peruas à extinção. Da mesma forma, as péssimas estradas brasileiras não servem de desculpa, pois a indústria cansou de oferecer peruas aventureiras – reforçadas e elevadas, como a Fiat Adventure.
Já tivemos no Brasil peruas memoráveis como as Volkswagen Variant, Quantum e Parati, as Fiat Panorama, Elba e Tempra, as Chevrolet Caravan, Ipanema e Suprema, a Toyota Fielder, a Renault Grand Tour, a Ford Belina e muitas outras. Certa vez, testando 10 carros diferentes para a revista Quatro Rodas no autódromo de Interlagos, o piloto Ayrton Senna elegeu a perua Caravan, da GM, como o melhor modelo avaliado. Esses tempos não voltam mais.
Quem quiser comprar uma Fiat Weekend – que um dia apareceu alegrando nossa televisão com uma deliciosa campanha em que peixinhos cantavam na praia –, tem que correr. Os poucos exemplares que estão à venda são os últimos. Perguntei ao diretor de marketing da FCA, João Ciaco, se existe alguma chance de a perua Weekend existir na futura linha do carro que substituirá o Palio na Fiat. Ele disse que não. Também afirmou que os SUVs ainda crescerão um pouco, mas depois tendem a cair, pois os jovens já querem fugir desses carros que todo mundo compra. Isso explica a chegada dos novíssimos Fiat Argo e Cronos, Volkswagen Polo e Virtus e o anunciado Toyota Yaris.
Melhor assim, não é o suficiente. Ainda que fosse como os alemães – que deram um novo sentido às peruas ao transformá-las em carros rapidíssimos e apaixonantes –, seria bom que algum fabricante instalado no Brasil lutasse contra a maré e desse o passo inicial para salvar as peruas da extinção. Mas quem se atreve a enfrentar os consumidores “modinha” que só pensam em SUV?
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